Quatro regiões de São Paulo regridem para fase laranja nesta segunda (11)

Quatro regiões do estado entram nesta segunda-feira (11) na fase laranja do plano de flexibilização econômica da quarentena. O governo de São Paulo, no entanto, alterou as regras para tornar esse estágio mais permissivo. As demais regras da proposta também sofreram alterações nas últimas semanas.

Algumas atividades, como salões de beleza, academias e parques, por exemplo, agora serão permitidas na fase laranja. O atendimento presencial em bares, entretanto, continua proibido.

Com as mudanças no chamado Plano São Paulo, que rege as regras da quarentena no estado, as regiões de Sorocaba, Presidente Prudente, Marília e Registro foram para a fase laranja. O restante do estado foi mantido na fase amarela, que sofreu menos alterações.

“O comércio de tintas está liberado mesmo nas regiões que regrediram para a fase laranja, por conta dos critérios. Portanto, os revendedores podem continuar trabalhando”, tranquilizou Salvador Nascimento, diretor de Operações da Associação dos Revendedores de Tintas (Artesp).

O que muda na Fase Laranja

Todos os setores de comércio e serviços passam a ser permitidos. A exceção é o atendimento presencial em bares, que continua proibido.
Capacidade de ocupação: antes era de 20% e vai para 40% em todos os setores.
Funcionamento máximo: ampliado de 4 para 8 horas por dia.
Horário de fechamento: atendimento presencial só poderá ser feito até 20h.
Parques estaduais, salões de beleza e academias: poderão abrir.

Como fica a Fase Amarela

A capacidade máxima passa a ser limitada a 40% de ocupação para todos os setores. Antes, o percentual variava por setor: academias podiam operar com apenas 30% da ocupação, por exemplo.

O atendimento presencial ao público pode ser feito apenas até as 22h, em todos os setores, exceto no setor de bares, que pode funcionar até as 20h.
O horário de funcionamento passa a ser limitado a 10 horas por dia para todos os setores. Antes, o horário variava por setor.

Mudanças no Plano SP

Além de mudar o que pode funcionar em cada fase, o governo alterou os indicadores de saúde que orientam a reclassificação das regiões. Segundo a gestão estadual, houve um endurecimento das regras, para dificultar a mudança para estágios mais brandas.

“O Centro de Contingência recomendou uma redução nos indicadores que já tínhamos para passar do amarelo para o verde, de forma que ficou mais difícil passar para a fase verde. Na fase laranja, também sugerimos o endurecimento”, afirmou o coordenador do Centro de Contingência para o coronavírus, Paulo Menezes.

De acordo com o médico João Gabbardo, também integrante do centro de contingência, a ideia é dificultar a mudança de fase, mas permitir que mais setores funcionem, direcionando as restrições de forma mais específica.

“A gente deixa de penalizar tanto determinadas atividades que funcionam de forma controlada, para ser mais específico, mais cirúrgico, naquelas atividades que são mais propícias para a transmissão do vírus”, disse Gabbardo.

A atualização do plano havia sido adiada duas vezes. De início, estava prevista para segunda-feira (4), depois foi remarcada para quinta-feira passada (7) – e, finalmente, por conta da divulgação dos resultados da eficácia da CoronaVac, o governo anunciou que o anúncio nesta sexta.

Novos indicadores para avançar de fase

Os novos indicadores necessários para que uma região avance de fase na quarentena foram publicados no Diário Oficial deste sábado (9).

Antes, para ir da amarela à verde, era necessário ter, nos 14 dias anteriores à reclassificação, no máximo 40 internações por Covid-19 a cada 100 mil habitantes e até cinco óbitos por 100 mil habitantes.

Agora, os limites são menores: nos 14 dias anteriores à reclassificação, é preciso ter até 30 internações por Covid-19 a cada 100 mil habitantes e até 3 óbitos por 100 mil habitantes.

Os valores para avançar da fase vermelha à laranja também mudaram: antes, para progredir de estágio, era necessário ter taxa até 75% de taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Agora, o limite máximo é de 70% de ocupação desses leitos intensivos destinados aos pacientes com Covid-19.

Alteração nos indicadores de evolução da pandemia

Finalmente, a revisão do plano feita nesta sexta alterou ainda os indicadores de evolução da pandemia que eram usados para todas as fases. Agora, são priorizados os indicadores de incidência, que avaliam a situação atual, e não a evolução em relação a semanas anteriores.

Antes, o plano levava em conta para todas as fases a evolução – de uma semana para outra – de casos, óbitos e internações por Covid-19. Somente no caso específico do avanço para a fase verde é que se considerava a incidência – ou seja, apenas a situação atual, e não um comparativo entre dois períodos – de casos, internações e óbitos.

Agora, os indicadores de incidência de internações e óbitos passam a ser parâmetros para avançar para todas as fases.

Segundo Paulo Menezes, do comitê de contingência, a revisão do plano segue três eixos centrais:

  • o endurecimento dos indicadores de saúde, dificultando que regiões avancem para fases mais flexíveis;
  • a redução de restrições setoriais, que seriam substituídas por mais adesão aos protocolos sanitários;
  • e a recomendação para que as pessoas evitem a exposição ao vírus, especialmente após o horário delimitado para o encerramento de atividades econômicas.
  • Aumento de 61% nas mortes

O estado de São Paulo registrou na sexta-feira (8) aumento de 61% na média diária de mortes por Covid-19 em relação ao registrado há 14 dias. O total de óbitos desde o início da pandemia ultrapassou a marca de 48 mil.

A média móvel de mortes diárias, que considera os registros dos últimos sete dias, é de 179 nesta sexta. O valor era de 111 no dia 26 de dezembro. O aumento de 61% nas mortes em 14 dias aponta tendência de alta da epidemia, segundo critério de especialistas. O indicador da média móvel voltou a ficar acima de 140 desde o dia 1º de janeiro.

Durante a coletiva de imprensa, o governo apresentou dados parciais de um aumento de 34% na média de mortes e de 30% na média de casos nesta semana epidemiológica em comparação à semana anterior. No entanto, ainda faltam dados do sábado (9) para que a semana epidemiológica se encerre e a comparação possa ser feita com precisão.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, foram registrados 261 novos óbitos por coronavíus nas últimas 24 horas, elevando o total para 48.029. Já o total de casos confirmados da doença subiu para 1.528.952, considerando os 13.794 novos registros nas últimas 24 horas.

Parte da alta nos registros nesta sexta ainda pode ser reflexo de dados represados durante os feriados prolongados de Natal e Ano Novo.

A expectativa era a de que fossem anunciadas nesta sexta medidas mais rígidas para conter o avanço de casos da Covid-19 no estado de São Paulo.

Em reunião com os prefeitos na quarta-feira passada (6), o secretário da Saúde elevou o tom e cobrou empenho na fiscalização das medidas de isolamento estabelecidas pelo plano estadual da quarentena contra a Covid-19.

Na ocasião, ele afirmou que o estado está contratando profissionais e ampliando o número de leitos para tentar conter o avanço da doença. Disse ainda que o cenário deve ser visto com temor.