A Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) divulgou
os estudos da pesquisa Novos Hábitos Digitais em tempos de Covid-19 que aponta
a rápida transformação no varejo de vendas físicas para digitais como uma
prioridade para continuidade das operações.
Mas não foi uma movimentação anormal, segundo Pedro Rabelo – CEO da Bagy
(plataforma para criação de e-commerce), no antes pandemia o varejo já estava
se digitalizando e o esperado era um crescimento no ambiente on-line. “Muitos
negócios tiveram que fechar as portas. Com isso alguns projetos que eram
esperados para daqui alguns anos acabaram sendo feitos em poucas semanas. Esse
crescimento acelerado vai se manter e nós vamos ver cada vez mais negócios indo
para o digital, utilizando o canal como mais uma fonte de renda até
complementar a estratégia principal do negócio deles”, explica o CEO.
Opinião semelhante de Felipe Samy – CMO e fundador da Gofind, que afirma que o
varejo físico já estava sendo desafiado a proporcionar inovação atrelada à
experiência do consumidor. Pois, o cliente moderno busca por informações o
tempo todo, é exigente e deseja experiências diferenciadas. “No cenário pós
pandemia, esse desafio que já era uma tendência fica ainda mais forte, ou seja,
de novo o varejo físico continua sendo mais desafiador do que nunca a trazer
inovação e mais experiências para os seus clientes”, fala Samy.
Com isso veio o processo acelerado de digitalização fazendo com que a jornada
de compra do consumidor possa acontecer de modo físico e on-line, sendo assim,
nasce o consumidor omnichannel. “Então ele pode comprar pela internet para
retirar na loja ou ele pode comprar na loja para receber em casa. E quando ele
recebe em casa ele entra em contato pelo suporte que tem no chat do varejo ou
no site. O consumidor pelo mesmo processo de compras durante a fase de estudo,
de consideração e até a fase pós compra ele utiliza diversos canais para o
mesmo processo”, fala o CMO.
Entretanto, Roberto Rocha – CMO da Leadlovers (plataforma de automação de
marketing), faz uma alerta para os pequenos varejistas, como de roupas e
calçados, que a sua maioria do estoque vem da Ásia, além da falta de presença
digital “e por consequência não conseguem realizar novas vendas ficando com
estoques parados e que com baixo fluxo de caixa, pouco menos de 30 dias,
provavelmente, encerrarão os trabalhos”.
Ainda de acordo com a pesquisa da SBVC, depois que o consumidor experimentou o
comércio eletrônico em diversas categorias, há um indicador que está mudando o
comportamento de consumo com 52% dos entrevistados comprando mais em sites e
aplicativos durante a quarentena e 70% que pretendem continuar comprando mais
on-line do que faziam antes da Covid-19. Muitas empresas estão empenhadas em
fazer essa conexão entre quem oferece um produto ou serviço com quem precisa
deles, e quem conseguir se relacionar bem com os clientes neste momento terá
uma grande vantagem no pós-crise.
E o estilo de venda oferecido pelo e-commerce somente proporciona vantagem ao
varejo, afinal, em muitos casos, a loja física e on-line não andam separadas e,
sim, se complementam. Rabelo explica que “vender on-line dá capacidade de
aumentar o grau de abrangência do seu negócio, como também cada vez mais
fortalece o negócio físico tradicional porque o mesmo cliente que compra
on-line pode visitar a loja ou os mesmos clientes que visitam uma loja podem
depois comprar on-line. […] Vender on-line com certeza vai ajudar a aumentar
a receita e vai complementar o negócio físico, ajudando a se manter e não
perder para os concorrentes que estão indo para o on-line e até manter a
possibilidade de ter um contato mais próximo com os clientes”.
Pós pandemia
O que faz muitos varejistas se questionarem é se ao fim da
pandemia os seus potenciais clientes continuarão a preferir pela venda virtual
ou realizarem uma visita no estabelecimento físico, é uma questão sem resposta
definida. Pois, o cenário atual, ainda demonstra que as vendas físicas são
maiores que as on-line.
Durante a quarentena, foi possível a existência de dois movimentos de compras
realizados por diferentes clientes. “O primeiro é relacionado com pessoas que
antes compravam em plataformas de delivery por causa da sua rotina. Tinham
pouco tempo para cozinhar ou para ir ao mercado. Com o período de quarentena
essas pessoas têm mais tempo e começaram a comprar nas proximidades, em varejos
físicos. O segundo movimento é de pessoas que antes compravam offline e
começaram a experimentar diferente canais digitais como, por exemplo,
plataformas de delivery e e-commerce. Mas o volume de compras dos consumidores
ainda está próximo do período pré pandemia”, enfatiza Felipe.
Isso demonstra uma maior valorização ao varejo da vizinhança, mas a
concorrência dentro um aplicativo, por exemplo, é a mesma para os varejistas e
haverá competição entre varejo de vizinhança, o pequeno varejo e uma grande
rede de supermercados. A única diferença é que as grandes redes conseguem
oferecer o produto no valor abaixo do mercado físico. Isto é, neste período, o
varejo pequeno necessita se reinventar para traçar o melhor caminho para se
destacar no meio digital.
Marketing Digital
Um fator importante que as empresas devem ter uma certa
atenção, seja em vendas físicas ou on-line, é o Marketing Digital que é uma
junção de conjuntos estratégicos para atingir os resultados desejados pela
empresa com ações on-line, por exemplo, em mídias sociais como o Facebook.
Diante desta atualização de marketing, a Leadlovers realizou um levantamento
que constatou que o e-mail marketing, uma das estratégias possíveis de modo
digital, continua sendo uma forte ferramenta de comunicação entre marcas e
clientes durante a pandemia global.
Por conta do isolamento social, os envios dos meses de março e abril tiveram um
aumento de aproximadamente 30% sobre os meses de janeiro e fevereiro.
Os consumidores também estão interagindo mais com as empresas. Em abril, as
aberturas de e-mail cresceram 45%, em comparação a fevereiro.
Segundo Roberto Rocha, CMO da Leadlovers, esta ação de marketing está
comprometida com a necessidade de migrar as operações para o ambiente virtual e
os dados reforçam a importância de não parar de falar com a sua base, seguir
alimentando os seus consumidores com assuntos de relevância e pertinência.
“É um caminho sem volta. Quem já atua no on-line deve sempre buscar formas de
cativar e fidelizar clientes, trazendo-os sempre para comprar novamente. E quem
não atua corre o sério risco de ver seu negócio morrer aos poucos, justamente
porque o consumo on-line será cada vez mais tendência e vem conquistando milhares
de novos adeptos a cada dia que, ao perceberem os benefícios, como conforto e
segurança, não abrem mais mão”, afirma Pedro Rabelo, CEO e fundador do Bagy.
Para finalizar, Rocha afirma que os varejistas que conseguirem se reinventar e
de alguma forma estar presente no ambiente virtual não irá desfalecer, pois
permitem fácil acesso a empresa e disponibiliza conteúdos de instrução que
possui como função uma aceleração de retomada para os pequenos varejos.
Fonte: EVA