Montana Química dá cor e textura às esculturas de Gilberto Salvador

Uma espiral orgânica, bege, que passa pelo hall, envolve dois pilares na área externa do prédio e se projeta em direção à rua. Essa é a visão que pedestres e motoristas terão ao passar pela altura do número 1.100 da alameda Casa Branca, nos Jardins, em São Paulo. A obra, intitulada de “Bicho”, é a primeira de três esculturas que o artista plástico Gilberto Salvador criou para compor o cenário de edifícios atualmente em construção na região.

Com 7,8 m de comprimento, 1,60 m de largura e 1 m de altura, “Bicho” usa o acabamento poliuretânico bicomponente texturizado Goffrato, da Montana Química, empresa parceira do artista há mais de dez anos. “É um produto excepcional em vários aspectos. Tem pigmentos estáveis, com pouquíssima variação fotomecânica e de alta qualidade fotocromática. É altamente resistente e uniforme. Não é à toa que está presente em inúmeras obras e locais públicos de São Paulo.”

A próxima delas é “Bicho”, que tem como material fibra de vidro e aço inox. “Minhas obras têm sempre dois elementos importantes: o gestual e o geométrico. ‘Bicho’ representa bem esses conceitos. É uma forma orgânica que se desenvolve no ar quase biologicamente e liga-se no prédio, envolvendo os pilares, de uma forma sensual”, afirma o artista plástico, que elogiou o arrojo da construtora ao encomendar a obra.

E por que a escolha da cor bege? “Em contraposição ao sensual, ‘Bicho’ tem em si, também, uma certa pureza, além de estar dentro do contexto do prédio. Por isso, eu não queria uma peça em uma cor laranja ou azul, por exemplo. Ao mesmo tempo, eu não queria algo só branco. Analisei a tabela de cores e essa opção mais neutra encaixou-se de forma natural”, explica o artista.

Salvador diz que sua intenção com a obra não é agradar ao público que passa pela rua, mas sim gerar dúvidas e reflexão. “Arte é aquilo que possibilita ao ser humano sair do conforto e fazer uma reflexão. A obra de arte tem que carregar dentro de si a dúvida”, resume o escultor. “Como a instalação já existe no local, não há quem não olhe e pergunte ‘mas o que é isso?’, e isso é muito recompensador.”

As duas esculturas que compõem esta próxima tríade do artista são “Zíper”, na avenida Nove de Julho, e “Bumerangue”, na avenida Ibirapuera. A previsão de inauguração é este ano.

Sobre Gilberto Salvador

Pintor, desenhista, gravador, arquiteto, professor, Gilberto Orcioli Salvador formou-se em arquitetura em 1969 pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAU/USP, onde mais tarde atua como professor. Paralelamente aos estudos universitários, dedica-se à pintura e ao desenho. Expõe individualmente, pela primeira vez em 1965, na Galeria de Arte do Teatro de Arena em São Paulo. É premiado com a medalha de ouro no Salão de Arte Contemporânea, Campinas, em 1967, e, nas edições de 1969 e 1970, com o prêmio aquisição. Participa de várias edições da Bienal Internacional de São Paulo, e entre suas principais mostras individuais destacam-se duas exposições no Masp, em 1985 e 1995. Em 1999, a escultura Vôo de Xangô é instalada na Estação Jardim São Paulo da Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô. Sua obra se caracteriza pela oposição entre gestual e o traço rígido, entre as formas orgânicas e inorgânicas, entre o movimento e o estático. Nelas, as formas vivas, homens, flores e animais dialogam com figuras geométricas. O crítico de arte Jacob Klintowitz publica dois livros sobre o trabalho do artista, História Natural do Homem Segundo Gilberto Salvador, de 1985, e Gilberto Salvador O Reino Interior, de 2001. Em 2013, o livro “Mergulho”, do professor doutor Fabio Magalhães, é lançado com a proposta de fazer uma imersão na produção artística de Gilberto Salvador. A obra dá ao leitor a dimensão exata do percurso do artista através do tempo, numa viagem de técnica e sensibilidade.