Ir de Campinas a Jaguariúna a bordo de uma legítima Maria Fumaça ficou muito mais interessante. Após cerca de três meses de trabalho intenso, a Estação Anhumas, que é ponto inicial do trem, e a Tanquinho, ambas tombadas na esfera municipal, tiveram suas pinturas totalmente recuperadas e, o melhor, nos mesmos tons da época da inauguração, no ano de 1926. A ação faz parte do “Tudo de Cor”, da Coral, marca de tintas decorativas da AkzoNobel, e contou com o trabalho minucioso do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc). A cerimônia de entrega da pintura ocorrerá no dia 3 de agosto, quarta-feira, e terá a presença da dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó, padrinhos do projeto.
Ao remover camadas e camadas de tinta, aplicadas no decorrer de nove décadas, estudantes de Arquitetura supervisionados pelo Condepacc puderam desvendar as cores originais dos imóveis históricos. E, com base nesse trabalho de prospecção pictórica, iniciado em janeiro deste ano, foi possível identificar, no leque de cores da Coral, as nuances perfeitas para a revitalização das duas plataformas – tanto fachadas quanto dependências internas. As paredes, por exemplo, receberam o tom “Noz Pecã” e, para o barrado imitação de tijolo, a escolha foi “Tempero Forte”. A sala da bilheteria, a de telefone e a do administrativo, entre outras, também foram pintadas. Tem mais: ganharam nova aparência batentes e molduras de portas e janelas, treliças de cobertura, calhas e condutores, etc. Ao todo, utilizaram-se mais de 1.700 litros de tinta. As faixas de prospecção ficarão à mostra para que as pessoas vejam como se deu a evolução da pintura ao longo dos anos.
Moradores da cidade de Campinas, os cantores sertanejos Chitãozinho e Xororó logo abraçaram a iniciativa. “Para nós, é um prazer participar deste projeto tão bonito que resultou na pintura das Estações Anhumas e Tanquinho”, comenta Chitãozinho. “Anhumas faz parte da história de toda família campineira e nos traz boas lembranças. Uma delas foi quando celebramos o aniversário de 16 anos do Junior, no ano 2000, em um dos vagões de trem. Foi muito gostoso. É um patrimônio que deve mesmo ser bem cuidado e preservado. Agradecemos a toda equipe da Coral o convite”, completa Xororó.
“O ‘Tudo de Cor’ é a missão da Coral posta em prática: levar cor para a vida das pessoas, transformando seus lares e suas cidades. Certamente, esse circuito ferroviário turístico, com locomotiva a vapor do século 19, tem valor inestimável não só para Campinas, mas também para todo o estado paulista”, declara Fernando Domingues, diretor de marketing da AkzoNobel Tintas Decorativas. E adiciona: “Para nós, é um prazer enorme recuperar a pintura de duas estações, impactando positivamente milhares de visitantes que passam por ali todos os anos.” Vale ainda mencionar outro aspecto importante do “Tudo de Cor”: a profissionalização dos pintores. Aqueles que atuaram na revitalização das plataformas participaram de um workshop com um especialista da área, para reciclar conhecimentos e técnicas.
A Maria Fumaça é, hoje, responsabilidade da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária – fundada em 1977, com o objetivo de preservar e divulgar a memória da ferrovia brasileira. Seu funcionamento é mantido com recursos provenientes dos passeios turísticos realizados nos fins de semana. O trajeto por onde o trem circula é remanescente da Companhia Mogyana de Estrada de Ferro, em atividade de 1872 a 1971. Dos 1.992 quilômetros de trilhos que ligavam São Paulo a Minas Gerais (entre Campinas e Araguari), sobraram 24, conectando Campinas a Jaguariúna.