CRISE PODE SER SINÔNIMO DE OPORTUNIDADE

 

No recente Fórum ABRAFATI, realizado no fim de agosto, ficou claro que o setor de tintas terminará 2015 com resultados muito abaixo do esperado. Executivos dos fabricantes e de seus fornecedores, assim como lideranças de associações ligadas à construção civil e à revenda de tintas, debateram os cenários atuais e futuros e chegaram à conclusão de que apenas em 2017 devemos ter uma retomada do crescimento. A previsão é fechar 2015 com uma queda de 4% nas vendas e ter crescimento zero no próximo ano.

Os números assustam, mas devem ser olhados de maneira ponderada. Como disse o ex-ministro Maílson da Nóbrega no mesmo evento, a situação não é nada brilhante, porém está longe de ser catastrófica, sendo possível manter um razoável otimismo em relação ao futuro, pelos avanços que o País teve em termos de estrutura e de fortalecimento das instituições. Deve ser lembrado, ainda, que, nas últimas décadas, o Brasil já viveu diversas crises e as superou. E é isso que vamos fazer novamente.

O momento, portanto, não é para choradeira, desânimo ou desespero. O foco deve estar na busca de alternativas, na inovação e no trabalho. Só assim, vamos todos, fabricantes e revendedores, vender mais tinta.

Dentro da enxurrada de más notícias veiculadas pela mídia diariamente, é possível descobrir fatos positivos e oportunidades (é sempre importante lembrar que o mesmo ideograma japonês utilizado para crise vale também para oportunidade). Por exemplo, as possibilidades que se abrem com a aproximação das Olimpíadas no Rio de Janeiro ou com o maior dinamismo econômico em regiões com forte presença da atividade agropecuária.

A ênfase deve estar em como fazer melhor. Destaco aqui algumas das recomendações surgidas no Fórum ABRAFATI, que podem até parecer óbvias, mas, se colocadas em prática, têm grandes chances de contribuir para bons resultados.

A primeira delas está na capacitação profissional. Todos os elos da cadeia se beneficiam com profissionais mais preparados: as indústrias produzem mais e melhor com os mesmos recursos, ao mesmo tempo em que as lojas atendem melhor aos seus clientes. Há ainda os pintores, que, sendo mais qualificados, fazem melhor seu serviço e deixam seus contratantes mais satisfeitos – o que se reflete em mais vendas de tintas, pois quem teve uma experiência positiva tende a repeti-la e a compartilhá-la com sua rede de relacionamentos.

Outro aspecto ressaltado é a revisão cuidadosa das despesas e das práticas administrativas das empresas. Aí sempre existe espaço para aprimoramentos e economias. Deve-se usar o princípio, que vem se popularizando entre administradores, de que custos são como unhas: não adianta cortar só uma vez, é preciso fazê-lo sempre.

Um terceiro tema fundamental é a gestão da informação. Em momentos como o atual, não há espaço para erros. Por isso, é preciso acompanhar o que está acontecendo à sua volta, analisando as informações e utilizando-as para agir rápida e eficazmente.

A quarta recomendação é trabalhar para oferecer produtos e serviços cada vez melhores, para que os clientes potenciais percebam que a pintura traz importantes benefícios.

Desenvolvendo ações como essas, estaremos mais fortes e preparados para, depois do momento difícil, entrar em uma nova onda de crescimento das vendas de tintas.

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* Dilson Ferreira é presidente-executivo da ABRAFATI – Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas e presidente do Fórum de Gerentes de PSQs (Programas Setoriais da Qualidade)